A vida é cheia de surpresas, umas boas, outras nem tanto, hoje recebi uma notícia desagradável, minha Secretária do Lar vai embora, espero que para uma vida melhor, vai se mudar para São Paulo, a maneira de você gostar ou não de uma pessoa é conhecendo-a. Assim aprendi a gostar desta moça com suas virtudes e defeitos. Fiquei bastante triste e me veio à mente as separações que acontecem na vida, à maioria delas a nossa revelia, não queremos, não desejamos aquilo, mas acontece, são as contingências da vida. Vivíamos uma vida sossegada no Bairro da Santa Cruz do Rio Acima, vida rural pacata, simples e muito saudável. Ar puro, horizontes amplos, poluição zero. Foi neste local com uma paisagem maravilhosa que passei a maior parte de minha infância, vivia a correr pelos campos, armar arapucas e a caçar passarinhos, enfim zanzar pelos campos floridos de minha infância.

Paisagem deslumbrante de tirar o fôlego, pois morávamos no alto de uma serra e de lá com a vista linda e privilegiada avistávamos outra serra ao longe, a primeira a Serra do mar, a segunda que servia de nossa paisagem era a Serra Mantiqueira. Entre duas belas serras, passei boa parte de minha infância  a comer bolos de fubá que minha mãe fazia, pamonhas e outras iguarias da região rural, que hoje não mais existem. Como a despedida é triste, dois corações se apartarem, mas foi o que aconteceu. Vivendo em um ambiente tão querido, jamais pensaria que ia deixar este lugar. Mas veio a década de 50 e o Getúlio Vargas, o grande Timoneiro, o maior estadista que o Brasil já teve, resolveu industrializar o país, já não era sem tempo, então as fábricas recém inauguradas necessitavam de mão de obra barata, e os campos  esvaziaram-se. Foi uma pena, pois nosso bairro era populoso, havia festas típicas, congadas, jongo, folias e tudo de repente foi água a baixo.

 O sertão esvaziou-se, sem o homem tudo morre e vira deserto. Viemos pra cidade cumprir nosso destino, eu e minhas irmãs estudarmos e nos prepararmos para a vida citadina, meu pai e minha mãe ainda continuariam por muito tempo ligados ao campo vivendo em dois mundos. Mas a despedida que tristeza! Sem mais nem menos, um dia nos pusemos na estrada com os nossos poucos pertences e ao longe na última volta do caminho avistamos a casinha branca da serra, construida com tanto esmero, ficar para trás e com isso deixamos uma vida para começar outra. Foi muito sofrimento, mas nos adaptamos, na hora da despedida deu um “aperto no coração”, confesso que chorei ao lado de minha mãezinha que com certeza também estava muito triste. Hoje penso que a vida é assim mesmo.

Têm chegadas e partidas, abraços e despedidas como diz a música de Maria Rita, tem gente que chega, tem gente que parte, algumas para não mais voltar.

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