Filme: Alexandria e o amor pela filosofia




Filme muito rico em ensinamentos filosóficos, se aproxima dos grandes clássicos ou cinema chamados "Cults". A história deste filme de arte versa sobre a Cidade de Alexandria fundada por Alexandre o Grande por volta do ano 300 AC.  Mas a verdadeira história se passa por volta do ano 400 DC, em que o Cristianismo começa a ser religião oficial do Império Romano e tem que conviver com o Paganismo que ainda subsiste na cidade e o Judaísmo. 

Então há choque religioso das duas crenças monoteístas e uma crença politeísta. Alexandria era na época a cidade mais importante do mundo, pois Roma já havia entrado em decadência.  Por outro lado Alexandria tinha a maior biblioteca do mundo antigo, continha documentos valiosos dos saberes da antiguidade clássica.  Conta a história de Hipatia uma filósofa alexandrina que faz seus estudos matemáticos e astronômicos exatamente nesta importante biblioteca onde ensina a filosofia e a astronomia

O filme analisa muito bem o dilema da filósofa, a heroína da história e mostra muito bem os paradoxos humanos. A definição sensu lato da filosofia é a busca da verdade é o que faz Hipatia estudando os antigos clássicos gregos: Pitágoras, Hiparco, Eratostenes, Platão, Aristóteles. Em suma a sábia mantinha uma escola de filosofia que funcionava na própria biblioteca. Era uma moça muito bela inclusive assediada pelos alunos, mas sempre demonstrava sua aversão pelas coisas do amor carnal, se preocupando com a Ciência e com coisas do Espírito. Os movimentos dos planetas e as estrelas a seduziam, era a principal preocupação da cientista. 

A cidade era muito importante na época e convivia com as três crenças religiosas já citadas, além de questões políticas. A política e a crença religiosa são duas pedras de tropeço, cegam a pessoa, mata o espírito. Enquanto a pessoa for egoísta e estiver olhando para o próprio umbigo, busca o agrado. Enquanto não houver consciência estaremos presos no sensorial e temos o olhar preso a verticalidade e a satisfação do nosso ego. A liberação da consciência leva a pessoa a outra dimensão, ou seja, ao sagrado.

Pois bem a cidade fervilhava de crenças religiosas, dogmas e fanatismos vários. Os Cristãos estavam aumentando em número rapidamente, pois os adeptos do paganismo estavam aderindo à nova crença, os pregadores pululavam nas praças com suas pregações muitas vezes espetaculares, só faltava a televisão, com isso procuravam convencer os cidadãos que sua crença era mais certa. 

Por outro lado, Cristãos e Judeus, se digladiavam e se acusavam mutuamente. Os conflitos religiosos se generalizaram pela cidade. Havia uma verdadeira guerra religiosa entre os crentes, os judeus eram acusados de terem crucificados o Cristo. O conflito se generalizou, foi chamado o prefeito da cidade para dirimir a contenda, mas com medo de tomar partido e desagradar uma das partes acabou ficando em cima do muro, como sempre fazem os políticos. Daí então Roma foi chamada para solucionar a contenda, esta também se encontra enfraquecida. Nesta época o Cristianismo já começava a ser religião oficial do Império. 

O pomo da discórdia era o templo pagão onde eram mantidas estátuas de deuses da antiguidade, que eram execrados pelos Cristãos que os acusavam de idolatria.  Por outro lado os deuses com certeza estavam muito desacreditados. Então o Império Romano autorizou a ocupação do templo pelos Cristãos e os ídolos da antiga crença pagã foram destruídos assim como a importante biblioteca, poucos exemplares de rolos de papiros em que era constituída foram salvos.

 Com isso se perdeu praticamente todos os saberes da antiguidade, Hipatia teve que fugir com seus alunos.  Os Cristãos mais fortalecidos politicamente pelo império Romano passaram a perseguir os Judeus inclusive exterminando-os e queimando-os em praça pública Os que restaram foram expulsos da cidade. O fanatismo religioso predominou, o prefeito até no início resistiu aos desmandos da plebe ignara, mas depois acabou desistindo. 
A nossa heroína resistia bravamente ao assédio da doutrina Cristã. Inclusive havia uma ordem; todos deviam ser batizados na nova crença ou então seriam exterminados. Hipatia disse que era uma filósofa, portanto não tinha crença nenhuma, pois não podia acreditar em coisas que não poderiam ser provadas e testadas como os postulados da Ciência. Inclusive desenvolveu experiências que provou ser o sol o centro do Sistema Solar, muitos séculos antes de Nicolau Copérnico, o astrônomo polonês. 

Foi instada a batizar-se pela nova crença, mas se recusou, pois uma crença a limitaria como filósofa,  pois a filosofia é a busca da verdade. Portanto incompatível com qualquer crença. Foi então sacrificada sob a acusação de bruxaria e ateísmo, morreu apedrejada.  Assim terminam os nossos heróis, aqueles que pensam mais alto e superam os parcos limites humanos, para fazerem os destinos humanos avançarem e sairmos da barbáríe. 

Hoje não é diferente, pois temos os mártires modernos da Ciência também. Enfim o filme Alexandria retrata o amor pela filosofia.

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