Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia!



Era bem jovem devia ter em torno de uns dezoito anos, não trabalhava, só estudava e estava no curso colegial. Nasci em região rural e lá fiquei até os 12 anos, portanto gostava da vida calma do sítio e sua rotina invariável; chuvas e secas, plantações e  colheitas, gostava disso e ajudava muitas vezes nas colheitas do sítio do meu pai. Meu pai era um trabalhador rural muito aplicado que tinha se tornado proprietário de terras, levava uma vida muito laboriosa no campo entre a agricultura e a pecuária. 

A noite no campo é muito tranquila e não muito escura, a não ser por ocasião de chuvas e tempo nublado em que a luz da lua e estrelas são obscuricidas. Fazia uma noite de primavera, sem muito calor e com o sol já não estando presente, a noite era bem fresca. Eu e meu genitor aproveitamos para visitar meu tio, que morava próximo a nossa casa, questão de um quilometro.  Uma vez lá chegado, os dois agricultores começaram a conversar. O assunto como não poderia deixar de ser versava sobre plantações, colheitas, previsão do tempo e estas coisas do campo. No início prestei atenção, pois não seria minha profissão, não pretendia ser agricultor, mas me interessava pelo assunto, já que meus ancestrais eram todos agricultores, pais, tios e avós.  

Mas a temperatura da noite era tão boa e agradável, soprava leve brisa, que fazia um barulhinho sobre a relva fresca, que sem sombra de dúvida era uma delícia. Aqueles sons indistintos como a entrar pelos meus sentidos começou a enebriar-me, surgiu-me uma calma impressionante nada pensava, tudo estava no normal, nada me preocupava nos meus últimos dias de adolescência, estudava, tinha relativa tranquilidade familiar e financeira. Tinha a proteção e o carinho dos meus pais. Então me restava descansar e sonhar... E foi o que estava fazendo naquele momento mágico. Vale dizer que a casa do meu tio, era praticamente uma choupana, com o mínimo de conforto possível, só mesmo o necessário para a sobrevivência. Então o meio externo e material nada tem a ver com o que me aconteceu.  

Com esta calma e tranquilidade que experimentava, me encontrava deitado de costas numa posição bastante insólita, pois a metade do meu corpo encontrava-se no limiar da porta da cozinha e com o meu rosto para o terreiro, que é o quintal das casas de roça. Descortinava um belo céu e com a via Láctea a luzir como um palio aberto, no dizer do poeta.  Nesta hora então aconteceu algo tão espetacular que hoje me lembro e revivo a emoção que senti. Senti-me como que fosse alçado ao céu e fazendo parte das estrelas, foi uma sensação maravilhosa, mas durou um átimo, uma fração de segundo, mas nunca esqueci de tal sensação.  A impressão foi tão marcante que fiz até uma poesia para relembrar o fato, Não me lembro de outro episódio na vida que fosse igual a este. E o importante que tal fato aconteceu sem que eu provocasse o fenômeno, ou fizesse alguma técnica de meditação, ou entrado em alfa como se costuma dizer. Mas espontaneamente a minha mente se libertou por um momento das coisas terrenas e fez parte do Cosmos do grande todo, do Inominado. Eu diria que em uma fração de segundo eu estive na consciência de Deus. Eu estava lendo sobre este assunto hoje. E os sábios indianos pra explicar o Nirvana dizem mais menos assim:
O Nirvana é o estado mental em que não se perturba com nada É a perfeita tranquilidade mental. 

Nirvana tem 3 aspectos principais: O cognitivo, o adjetivo e o aspecto ativo.
Antes de entrar nestes aspectos temos que entender o Samsara. O que é o Samsara? O Samsara é a roda de nascimentos e renascimentos, tornando um ciclo perpetuo. O estado em que devemos renascer depende de nosso Karma. O Karma é a nossa disposição de espírito durante a vida e o estado em que devemos renascer depende de nosso Karma. Se mantivermos durante a vida um bom estado de animo, provavelmente teremos um bom renascimento. Mas se mantivermos um mau estado de ânimo, nos irritarmos constantemente, isso acarretará um mau renascimento. Segundo Buda, uma espécie de Cristo do Budismo, a maioria das pessoas não nascem em bons lugares, porque mantemos na maioria das vezes um mau estado de ânimo. Mas se purificarmos a mente através da meditação podemos melhorar nossa condição de renascimento. Podemos ir para mundos celestes, mas segundo o Budismo estes mundos celestes não são permanentes, e poderemos renascer novamente. Então ir a mundos celestes não é a solução permanente para nossos problemas. A única forma de deter este processo de renascimento e morte é através do Nirvana. Para livrarmos deste processo temos de abandonar a noção do existir, que é uma ilusão. O pensamento de EU, ME E MEU, nos impede de atingir o Nirvana. Então temos de pensar de maneira diferente. E qual esta maneira? Temos que primeiro aprender as noções de Anicca, Duka e Anatta.
Anicca significa não permanência, ou seja , instabilidade. A primeira coisa que devemos aprender é que não há entidades no mundo. Há Atividade e não Entidades.


Como assim? Os primeiros a compreenderem isto foram os cientistas. Explicando melhor: De ínicio se pensava que a matéria era constituída de átomos que significa partículas indivisíveis.  Mas depois começaram a verificar que os átomos são constituídos de partículas. Mas em seguida que estas partículas são subdivididas em outras e assim indefinidamente até chegar ao nível de ondas que não são partículas reais. Em outras palavras tudo se converte em Atividade. Por exemplo uma chama é uma atividade que subsiste sob certas condições, se estas condições desaparecerem, desaparece a chama cessa a atividade, ou então a atividade se detém. Então se perguntará pra onde foi a chama? Ela não foi a lugar algum, apenas cessou sua atividade. Quando morremos dizemos que cessou a atividade. A mente não é uma entidade e sim uma atividade. Quando o gelo se converte em água e esta em vapor, ela desaparece, então falamos de uma instabilidade e esta se chama Anicca, De certa forma todo o mundo é instável. Mas esta instabilidade produz a infelicidade. Não gostamos da instabilidade. De certa forma gostaríamos que tudo fosse estável, mas na realidade não o é. Pensamos tudo em termo de entidade. É só renunciar a esta noção que a infelicidade cessa. Nada está debaixo do nosso poder então não podemos chamar a isto de MEU. Não somos donos de nossos corpos e nem de nossa mente, não podemos controlá-los. Então se pudermos compreender estas qualidades, ou seja, a instabilidade, o nosso sofrimento cessará.  

A mente na realidade não é uma entidade, e sim uma atividade.  Se pudermos manter a calma, não sentir mais ódios, nem mais desejos, inclusive os sexuais então esta instabilidade cessa e sobrevém a calma mental.  O Nirvana é portanto tranquilizar a mente, deixar de reagir, que é uma resposta, em vez de uma reação, um ato racional sem emoção. Então o Nirvana é a compreensão de que não há um (si mesmo), o aspecto afetivo que é a calma e a tranquilidade, e o aspecto ativo, em que os atos não são emocionais e sim respostas  Um ato calmo, pensado e racional.
Então a  sensação que senti, foi mais ou menos isso, eu me libertei por alguns segundos da samsara: do amor, do ódio e do desejo, não desejei mais nada entrei num estado de contemplação passiva, não  pensava nem em nascimento e morte, muito menos em dinheiro ou sexo. Simplesmente me abandonei ao oceano da vida ao Cosmos, ao infinito. Então subi às estrelas e fiz parte do grande todo, não mais pensei em mim (eu), então o grande espírito abriu em mim a chama do amor. Que jamais cessa, mas uma atividade, não uma entidade. Voltei à terra (sic), porque a sensação foi muito momentânea. Não pratiquei nenhuma técnica de Ioga, não utilizei mantras. Mas o ambiente e a calma do lugar me levaram a este estado beatífico. Então tive uma verdadeira felicidade, pois até hoje me lembro disto. E sei que isto sim é a  verdadeira felicidade: você se libertar destas coisas corriqueiras e triviais deste mundo e ainda estar aqui de corpo presente, sem precisar sair do corpo ou até mesmo falecer. Com certeza eu não atingi o que foi citado acima, ou seja, o Nirvana. Que a meu ver é uma técnica complicadíssima de origem Oriental e praticada por monges budistas. Mas com certeza eu sem querer pratiquei uma técnica de Meditação Transcendental que é mais adaptada ao Ocidente em que a pessoa entra em estado de calma e tranquilidade e aquieta a mente sem no entanto atingir estados mentais tão profundos.  Esta meditação e muito útil e cura stress e muitas doenças nervosas, segundo a pesquisa da doutora Haruma Kozava do departamento de psicobiologia da UNIFESP.  

O objetivo deste artigo é lançar luzes sobre nossas possibilidades e potencialidades mentais. Procurar não valorizar demais a matéria, pois sabemos que no fundo ela não existe. Pois os cientistas do CERN, o laboratório europeu para o estudo das partículas sub atômicas estão em uma fronteira após a descoberta do Bóson de Higgs. Estamos no limiar do estudo da física. Os cientistas agora não sabem para onde ir, pois com o tal Bóson de Higgs também chamada partícula de Deus, entramos no imponderável.  Então daí a pouco podemos deparar com o Criador de todas coisas: Deus. Mas a mente humana tem um pouco de Deus também, é imensurável e insondável.  Temos infinitas possibilidades. Mas há perigos, o íntimo da matéria pode nos levar a libertar forças que não conhecemos e nos destruir. Nietzsche dizia: 


"O homem é só uma possibilidade entre o homem e o super homem. É como uma corda sobre o abismo, temos de atravessá-la, mas há o perigo de se olhar para trás e perder o equilíbrio e nos precipitarmos. Então as religiões e filosofias oferecem um marco regulatório, como se fosse uma vara que ao usá-la bem e judiciosamente pode nos ajudar a fazer a travessia. Não somos somente matéria isto já está devidamente provado, mas por outro lado ainda não conhecemos completamente o que é a energia. Como a mente que é material transforma a matéria em energia e esta aciona os processos mentais de raciocínio indutivo e dedutivo que levam a processos experimentais e estes fazem os milagres que muitas vezes vemos que é a eletrônica. Mas aonde chegaremos?  Não sabemos. O certo é que os estudos continuarão e muitas vezes chegarão à conclusões que as religiões orientais e a sabedoria milenar já chegou. A religião se encontrará  com a Ciência e fará uma grande síntese. Que Deus o permita para a felicidade deste planeta e dos que nele habitam.








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