História que a vida escreveu


Histórias que a vida escreveu

Havia um ar de entrada de outono, um ventinho frio soprava de leve, quase nem mexia com as copas das arvores. O sol tinha reinado todo aquele verão: soberano, causticante, provocando um calor infernal e chuvas torrenciais. As passagens de enchente por minha janela era uma constante, era um caudal imenso arrastando tudo o que havia: galhos de arvores, garrafas de plástico, etc.


Agora não, a calma reinava, até parece que os carros no seu vai e vem incessante também tinham-se acalmado. Ou acalmei eu. O meu coração muito agitado ultimamente, parece que nada o sossegava.
Ora eram as lembranças da infância distante, ora eram as saudades daqueles que se foram e me foram caros e marcaram minha vida. Como os meus avós, minha bisavó que era italiana. Da qual tenho poucas, mas ternas lembranças. Dos seus cachimbos de barro que estavam constantemente caindo e quebrando. Incontinenti a velhinha ia até a bica colher barro, cose-lo e fabricar outro cachimbo. A lembrar que a persistência no propósito é uma das molas mestras da vida. A vida não é um lago tranqüilo com águas calmas e peixinhos nadando, mais parece um mar agitado ou uma cachoeira se precipitando em uma grota.
Assim foi a vida da família Bento. Pobres coitados sem ter onde cair morto. Mas tinha uma riqueza em comum, a esperança. Casaram-se nos idos de 40. A casa praticamente uma tapera, era encostada com paus para que não viesse abaixo. O homem da casa apesar de muito moço, era um lutador, a mulher muito calma e paciente.


Até que um dia levantamos para nossos afazeres: mulher e filhos. Aconteceu uma surpresa desagradável: Não é que embaixo da mesa, mais exatamente embaixo de gamela repousava uma enorme cobra Jararacuçu, que provavelmente fazia a digestão de algum rato que ingerira durante a noite. A mulher sem fazer barulho para não despertar o enorme réptil, saiu devagarzinho com as crianças em direção a estrada para encontrar o marido que vinha do trabalho e relatou-lhe o ocorrido, este liquidou a cobra com um tiro de espingarda, artefato útil por estas paragens, onde o encontro com animais peçonhentos era uma constante. Mas o homem encontra-se claudicando de uma perna, mas isto já é uma outra história.

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