A princesa que se tornou escrava





Escrever é uma arte que exige dedicação e vocação, estudar também ajuda, claro, mas sem vocação e sem talento pouco ou nada se consegue. Havia para o lado das Arábias, próximo às antigas cidades Bíblicas de Ur na Caldéia, um senhor muito rico, dono de milhares de camelos. Também comerciante das famosas sedas do Oriente confeccionadas pelos chineses, que o rico mercador as fazia chegar à Europa para serem vendidas nas grandes cidades medievais da época, com a finalidade de enfeitar as silhuetas das donzelas e esposas de nobres e reis. 

Com tal comércio quase que exclusivamente feito por vias terrestres, pois as caravelas portuguesas ainda não haviam singrado os mares desconhecidos habitados por monstros imaginários, mas que assustavam os homens aventureiros na busca de outros caminhos para as rotas do rico e misterioso oriente. Talvez tais lendas tenham sido inventadas por ricos comerciantes à guisa de assustarem os marinheiros e dificultar o descobrimento de outras vias comerciais que certamente lhes arruinariam seus rendosos negócios. Vale ressaltar que tais comércios em toda a idade média era sempre realizado por terra, seguindo vias terrestres descobertas pelo viajante italiano Marco Polo.


Tinha tal comerciante nome de Nahim quatro filhas de nomes sugestivos, segue aqui a tradução, porque infelizmente não sei o árabe, mas aqui vão os respectivos nomes por ordem de idade, ou seja: Felicidade, Aventura, Bondade e Castidade. Vivia feliz em seu palácio ricamente adornado de colunatas mouriscas, lagos artificiais, jardins suspensos, lindas palmeiras e doces oásis, ao lado da esposa Osíris de beleza impar em todo o Oriente e sem dúvida eram muito felizes.
As filhas concorriam em formosura, inteligência e educação. Mas o rico mercador queria que suas filhas tivessem de dote uma educação esmerada; dizia o rico Zahir: "Que só a beleza não lhe bastava, pois ela deveria ser coroada pelo brilho da alma e da inteligência".

Além da educação formal em letras, matemáticas, história, filosofia, teologia, religião, ética, boas maneiras, deveriam saber confeccionar lindos tapetes oriundos daquelas paragens, saberem tocarem instrumentos como a harpa e comporem lindos sonetos. As garotas se esmeraram e levaram praticamente toda a infância e adolescência neste mister de se educarem e se prepararem para belos casamentos, assim era o destino das mulheres na época, que não podiam deixar de sonhar 
com um príncipe das “Mil e uma noites”, em seu cavalo e sua cimitarra. 

A garota mais nova conhecida por Castidade apesar de muito bonita, tinha seu espírito atrasado em relação às demais, pois além de egoísta, calculista, costumava fazer também algumas mentiras. Gostava também de mexericos e intrigas, várias vezes fez as outras irmãs brigarem por suas maquinações. Sabemos ou intuímos que alguns defeitos são de nascença trazidos com o espírito. A educação aperfeiçoa, lapida, esmerilha, mas não corrige erros passados, muitos até trazidos pelo DNA, são por assim dizer heranças malditas. Que o espírito leva consigo para além- túmulo, mas orientados por espíritos amigos voltam para redimir seus pecados. 


Diz-se que se uma pessoa foi um assassino serial; voltará sem mãos e pernas para serem servidos pelos demais e se redimir de seus crimes, inimigos  irreconciliáveis nesta vida muitas vezes voltam por exemplo como irmãos para aprenderem a se tolerarem e adquirir o espírito da concórdia,  como o espírito da moça, embora bonita, mas bastante atrasado. Logo a garota casou-se com um marido responsável, mas extremamente severo. Carlos Castañeda afirmaria que ela necessitaria de um perseguidor, que a colocasse nos eixos. Esta mulher sofreu muito com a severidade do esposo, levando seguidas surras e reprimendas. 


Mas a esposa notou que no limiar de sua existência havia se aperfeiçoado muito e se corrigido dos seus antigos defeitos, tornando-se mais humilde, tolerante, paciente e menos egoísta, aproveitando as lições da caminhada terrena. Na certeza que tinha se dirigido mais para perto da luz do Amor, da compreensão e do verdadeiro conhecimento. Seu espírito tinha evoluído consideravelmente.

Considerações finais: Fiz um conto de origem religiosa porque não dá para conceber o Natal sem pensar em religião. Embora não seja partidário de seitas , alguma orientação temos de ter. O Natal fala de um Deus que veio reconciliar-se conosco e nos redimir dos pecados.  Apesar de imperfeitos que somos Deus veio ao mundo para nos mostrar o caminho da salvação, da verdade e da vida. Acho que certos conceitos de céu e inferno e condenação eterna tem que serem revistos. Inclusive no próprio Cristianismo havia a ideia de Reencarnação até o século VI, mas que foi abolido no Concílio de Constantinopla por influência de Teodora, esposa do Imperador Justiniano, pois ela era muito má, inclusive escravagista e não tolerava a ideia da Reencarnação, por medo de voltar ao mundo  escrava e negra. Cerca de dois terços da humanidade adotam esta ideia em menor ou maior grau. Alguma verdade haverá nisto. Tenho dito





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