Relembrando Rui Barbosa

De vez em quando a vida da gente vira de cabeça pra baixo, e devido a isto perdemos o rumo e não sabemos que direção tomar em nossa existência, isto acontece na vida das pessoas, imagino que o mesmo ocorre em grande medida entre as nações. 

O que é uma nação? Até certo ponto é um conceito que envolve abstrações, pois é um local comum onde vive um determinado número de pessoas alcançando a casa de milhões, dependendo é claro da extensão territorial desta, chegando a bilhões, caso de uma nação superpovoada. Os habitantes desta nação tem em comum a mesma língua, o mesmo território comum e partilham a mesma história ou origem. 

O Brasil sem dúvida constitui uma nação, pois se originou da colonização portuguesa, tem território comum, aliás, bastante vasto. Se o mundo está numa encruzilhada como parece, a nação brasileira o segue fielmente, pois a nossa encruzilhada se apresenta de forma nítida e os dirigentes desta nação não sabem que direção tomar, assim como seu povo. Estamos assoberbados de problemas. Uma das nações mais ricas do planeta em recursos naturais, diga-se de passagem, mas desde o início nos tornamos um entreposto de matérias primas, primeiro o pau brasil que foi explorado até a extinção e levado pra a Europa. 

Depois o ouro e as pedras preciosas, depois o cultivo da cana de açúcar e por ultimo o café. Temos a origem e colonização de um país atrasado que disse que chegou aqui por acaso, pois queria ir às Índias, mais uma “história da carochinha”, pois os bons livros de história dizem o contrário, o Brasil já era de Portugal desde 1494 pelo tratado de Tordesilhas, pelo menos uma boa parte: conquistamos o restante no braço e expandimos nosso território praticamente o dobro e furamos este tratado, graças a bravura dos brasileiros de antigamente, mas parece que perdemos a fibra, e nos sentimos diminuídos frente a outros povos até menos bravos que nós. 

Construímos um grande país, então porque não conservá-lo e desenvolvê-lo ao nível dos grandes da terra? Porque este complexo? De onde se originou? Somos um povo limpo e de altíssima higiene. Somos acusados pelos europeus de tomar banhos demais, ter até excesso de higiene. O Ebola grassa na África e já atingiu até nações europeias aqui nenhum caso. 

A nossa saúde pública apesar dos pesares é uma das melhores do mundo. Temos uma das melhores medicinas do mundo, setor onde concorremos com o primeiro mundo. Temos obras de engenharia de razoável envergadura, a maior hidrelétrica do mundo. Temos arquitetos de renome internacional. Então porque nos desvalorizamos tanto? Será o complexo de Macunaíma? O herói torto? Estamos caindo também numa cilada que temos que superar o preto versus branco: ou é uma coisa, ou é outra. Ou se é comunista PT, ou se é capitalista PSDB. 

Os petistas dizem que somos nós contra eles, como a nação estivesse dividida entre os “bons” PT, digam-se espertos ou espertalhões e os “maus” PSDB, digam-se melhor ingênuos, porque não fizeram para ganhar as eleições as falcatruas feitas por outro partido, uso de dinheiro público, “maracutaias” uma atrás da outra. Agora a nação se divide cinquenta por cento para cada lado, o sul contra o norte. Pobres contra ricos, preto contra brancos? Ou isto é uma estratégia comunista que procura insuflar as lutas de classes para dividir e após vencer e aplicar sua ideologia de ressentimento e vingança, dividir para vencer dizem os estrategistas. 

A corrupção campeia à solta. Será que nos falta um líder da envergadura de um Rui Barbosa, por exemplo? A este respeito tomo emprestadas as afirmações do jornalista Ruy Martins Altenfelder e Silva, presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas. Ao rever a vida do grande jurisconsulto baiano ficando maravilhado com o discurso proferido por Rui na Faculdade de Direito de São Paulo denominado “Oração aos moços”. “Ele continua sendo o inspirador de muitos que nele vão procurar as regras de conduta para que suas ações sejam norteadas por caminhos que levam ao cumprimento do dever. 

A leitura e reflexão das obras de Rui Barbosa revigora nossa crença na prevalência de princípios morais e éticos e conclui: Mãos à obra da reivindicação de nossa perdida autonomia; mãos à obra da nossa reconstituição interior; mãos à obra de reconciliarmos com a vida nacional com as instituições nacionais; mãos a obra de substituir pela verdade o simulacro político da nossa existência entre as nações”.
Continua Rui: “Trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa. Mas não buscando salvadores. Ainda vos podereis salvar a vós mesmos. Não é sonho meus amigos: bem sinto eu, nas pulsações do sangue, essa ressurreição ansiada. Oxalá não se me fechem os olhos, antes de lhe ver os primeiros indícios no horizonte. Assim o queira Deus”.



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