Os sonhos da juventude


Tem hora que a vida é tão boa que a gente se belisca para ver se não é sonho, agora ficar relembrando passagens ruins e “vídeocacetadas” não é comigo, os piores momentos que todo mundo tem, ficam pras calendas gregas do esquecimento. Estávamos no início da década de 60 que saudade, ou melhor, no fim da década 50 que foi melhor ainda, tínhamos um presidente muito dinâmico e “raçudo” que foi o Juscelino que queria colocar o Brasil na modernidade “custe o que custasse”, não se media o preço de tal empreitada, o país teria que se desenvolver 50 anos em cinco, uma empreitada pra lá de Hercúlea.

Resolveu-se construir a capital do Brasil, nada mais e nada menos que Brasília no Brasil Central. Pra se ter uma idéia só havia mato e onças no local, simplesmente um ermo desabitado, ou melhor, habitado por índios, que pouco ou nada conheciam da civilização. Era magro até meio raquítico e um tanto “matuto”, pois tinha nascido no mato, ou melhor, no sertão e pouco conhecia também da civilização citadina, quando de repente me vi internado em um colégio de elite em meio a pessoas que moravam em cidades grandes como São Paulo, falava muito mal o português, fui de início muito ridicularizado pelos meus modos, mas aos poucos fui me adaptando, consegui estudar e ir progredindo nos estudos.

Mas me sentia preso, pois das colinas de minha terra natal que não possuíam muros e nem cercas, a liberdade era total. De repente me vi cercado por locais murados, embora o colégio fosse até muito grande, tinhas campos de futebol, quadras de esporte onde desenvolvíamos nosso lazer, salas de aula e de estudos, dormitórios capela, pra rezar as orações. O colégio era administrado por padres e a prática religiosa era diuturna tinha missa todos os dias, rezas antes e após as aulas ao levantar e ao deitar.

Mas apesar disto tudo e da organização que havia destarte me sentia preso. Após três longos anos que me pareceu uma eternidade meu pai veio me buscar para casa, foi o dia de minha libertação.  Foi o meu prêmio, pois havia estudado muito e atingido o objetivo, pois já esta na 7º série do ensino fundamental, que correspondia naquela época ao 3º ano ginasial. Foi o verão dos meus sonhos, parecia um filme, pois tudo que olhava era diferente. Ah!  Liberdade abre as asas sobre nós. Como é boa a liberdade! Basta perdê-la algum tempo, para valorizá-la mais. “Gibran diz em “O profeta”, só se conhece a verdadeira profundidade do amor na hora da separação”.

Só se conhece o valor da liberdade quando a perdemos, foi o que aconteceu. Tudo era diferente, a luminosidade do sol, a chuva e o vento tinham algo de especial, até ler revistas em bancas de jornais tinham o seu sabor, tudo era maravilhoso, a juventude também, pois era jovem, as fotonovelas então uma delícia, acreditem vocês as novelas vinham em fotos, claro que românticas. Então dizia: O avião voou como voam os sonhos da juventude, ele voou para longe em busca da amada. Assim como voam os sonhos da juventude, mas os aviões voltam, mas estes os “sonhos da juventude aos corações não retornam mais”.

Comentários

Prezado amigo J R Viviani apreciei suas observações em meu blog e fui visitar o seu, li a resenha das suas obras e muito apreciei, como estou ainda sem tempo por causa da Páscoa, visita de amigos e parentes. Mas prometo logo que puder lerei suas obras. Desde já agradeço por acompanhar o meu singelo blog. Um abraço, retribuo os votos de boa páscoa.

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